Antes de qualquer coisa, quero desejar um feliz ano novo para todos os leitores e leitoras, que esse ano traga muita energia positiva, paz e saúde para todos nós. Afinal! Merecemos não é mesmo?
Para retomar os textos, resolvi voltar no tempo e teclar uma tecla batida, pelo menos por mim, que é sobre o ensino á distância. Não quero e nem vou desmerecer essa importante ferramenta para formação, mas insisto que ela tem que ser repensada. Repensada como instrumento que possibilite uma real formação profissional, e que os profissionais por ela formados, consigam desenvolver suas atividades com o mesmo grau de excelência que os estudos convencionais. O que nos modelos atuais que podemos observar, é praticamente impossível.
Dentre os problemas que existem, é o pornográfico comércio em que as EADs se transformaram, onde o que vale antes de tudo é capitalizar. Para seguir meu raciocínio, resolvi fazer uma releitura de um artigo que escrevi alguns meses atrás, mas que ainda é verdadeiro e atual, principalmente se considerarmos que ás aulas já estão para começar, e que as cidades estão infestadas de propagandas de EADs vendendo imagens de pessoas vitoriosas, como que se os atores que estão vendendo suas imagens para os anúncios, como se eles tivessem estudado via essa modalidade.
Para chegar ao ponto onde quero, proponho aos nobres leitores um exercício mental. Pense que você necessite ser submetido á uma cirurgia qualquer, você nobre leitor, você nobre leitora, teria coragem de se aventurar num médico graduado a distância? Ou mudando um pouco, teria coragem de entregar à construção de sua casa nas mãos de algum engenheiro ou arquiteto graduado a distância? Se as respostas forem não, então, porque colocar a educação dos nossos filhos nas mãos de professores graduados a distância?
Profissionais bons e ruins existem em todas as áreas, em qualquer profissão, mas vamos por parte. Quando falamos de educação, devemos ter um cuidado especial, especialmente quando nos referimos ao ensino de história.
Para o historiador e filósofo Jörn Rüssein, o ensino de história capenga, unilateral, autocentrado e discriminante, onde o professor se coloca apenas como transmissor de conteúdo, e não de conhecimento, provoca um afastamento e contraposição dos estudantes de forma radical.
Rüssein lembra que na forma mecânica de lecionar, sem contextualizar as ideias, sem haver aprofundamento e abrangência nas discussões propostas, torna-se difícil perceber como os alunos estão construindo conceitos. Isso porque o processo de aprendizagem em história está relacionado diretamente à consciência histórica de cada um.
Partindo por esse prisma, a competência narrativa é importante para a construção do conhecimento histórico e de identidade do aluno, pois ele poderá ampliar seus conceitos. Perceber alguns elementos básicos, como a origem do nosso sistema de pensamento. A construção dos mecanismos que fizeram com que chegássemos até aqui, ou simplesmente a se perceber como agente ativo da história. Afinal! A história não é feita apenas por grandes acontecimentos e pelos ditos heróis, ou grandes pessoas. A história é feita por cada um de nós.
Para Michel de Certeau, a pessoa quando realiza uma leitura, acaba se apropriando do conteúdo a sua maneira. Com seus gestos e ações, baseadas em suas próprias relações sociais. Exatamente por isso é importante que haja explanação dentro das salas de aula. Que o professor não tenha preguiça de promover discussões, de ampliar conceitos e de fazer uma interpretação dos fatos estudados.
Dentro dessa perspectiva, é praticamente impossível uma boa formação sem uma boa contextualização com aulas presenciais diárias. Onde disciplinas teóricas sejam analisadas a exaustão, onde métodos sejam devidamente testados. Onde o graduando tenha oportunidade de desenvolver projetos como PIBID (Programa de Iniciação a docência), e Iniciação Científica.
Se para a formação de um bom advogado é necessário no mínimo quatro anos de estudos intensos, para a carreira docente não é diferente. Quatro anos no mínimo, e de preferencia que venha acompanhado por especializações como um mestrado. É o mínimo que nosso sistema educacional merece. É o mínimo que os alunos e as alunas merecem. É o mínimo que a carreira docente merece.
Educação não é e não pode ser tratado como mercadoria.