O Diretório Central dos Estudantes soltou nota sobre a Calourada do Amor 2010. Veja na integra e deixe sua opinião.
Quando o Diretório Central dos Estudantes elaborou o projeto da calourada pensou em um modelo que pudesse evitar com que os trotes violentos acontecessem. Claro que não conseguimos cobrir cem por cento dos alunos mas a grande maioria dos estudantes participaram de nossas atividades. Foi muito positivo, afinal, as denúncias de trotes violentos foram quase nulas, tudo graças ao trabalho que a Universidade e o DCE tem elaborado nos últimos anos. Este projeto possui várias etapas distintas: espaço para os artesãos locais exibirem seus trabalhos dentro da universidade em uma feira de artesanato que contava com apresentações culturais nos intervalos das aulas. Houve apresentação do grupo Foganza, o TUM (Teatro Universitário de Maringá), o Grupo de sapateado… Tudo isto na primeira semana de aula.
Paralelo a isso, tivemos os trotes solidários, realizados em parceria com os centros acadêmicos. Alimentos foram arrecadados e entregues a instituições de caridade de Maringá. Mais de três mil mudas foram distribuídas no cruzamento da av. Colombo. Em uma manhã setenta bolsas de sangue foram colhidas pelo hemocentro móvel e centenas de cadastros de medula óssea foram feitos. Tudo isso para demonstrar que não somos estes criminosos que nos taxam. Procuramos dar uma contrapartida para a sociedade maringaense por três dias de incomodo, no qual nos confraternizamos, com shows de samba, sertanejo e rock. Os dois primeiros dias aconteceram sem maiores problemas. Os estudantes se divertiram, não houve brigas ou qualquer confusão.
Mas no ultimo dia de confraternização fomos impedidos de realizar a festa. A operação da AIFU, força tarefa montada pela prefeitura para conter os “tumultos”, especialmente os do Jardim Universitário, alegou a falta de um documento. Contratamos uma empresa especializada em segurança para retirar toda a documentação necessária. O laudo indeferido pela secretaria do meio ambiente estava incorreto, pois o local fiscalizado não era o mesmo da realização da festa. Mesmo assim, foi uma atitude irresponsável do comandante da operação em barrar a realização do show cinco minutos após a abertura dos portões, ele teve a tarde inteira para fazer isto, afinal, temos um documento com o carimbo do quarto batalhão avisando da realização do show e pedindo policiamento extra para aquela redondeza, mesmo o comandante, alegando em entrevista, que a polícia não foi avisada. Mais de três mil estudantes estavam aglomerados em frente a ADUEM e, assim como nós, estavam revoltados com a perseguição que nós, estudantes, sofremos. O DCE naquele momento tomou uma atitude responsável, o presidente da entidade falou aos estudantes que estavam ali para se dispersarem, pois o show iria ser remarcado para sexta feira.
No dia seguinte montamos um palco dentro da Universidade, fora da jurisdição da AIFU. Se os governantes desta cidade achavam que os estudantes iriam apenas abaixar a cabeça diante de mais uma arbitrariedade, estavam notoriamente errados. Realizamos o show, não tivemos grandes problemas, não houve brigas, bebedeiras em excesso e no dia seguinte, todo lixo produzido durante o evento estava acondicionado em sacos plásticos. O que gostaríamos de deixar claro é que não queremos somente festas, mais do que isso, queremos respeito, afinal, não somos criminosos. Nenhum policial precisava apontar um fuzil para a cabeça de um estudante para que ele liberasse o seu acesso ao recinto da festa, nem ameaçar o tesoureiro da entidade. Bandidos não fariam desta Universidade a melhor instituição de ensino superior do Paraná e a décima nona do Brasil. São mais de vinte mil estudantes representados por este Diretório que contribuem com o desenvolvimento da cidade. Pagamos nossos impostos, nossos aluguéis e consumimos os produtos desta terra. Mas o poder local só enxerga a representatividade de uma associação de moradores que priva parte dos habitantes, a grande maioria de estudantes, de participar de suas reuniões, extirpando qualquer possibilidade de se construir um canal de diálogo e procurar uma mediação. Mas mesmo sendo habitantes provisórios desta cidade, nossa cidadania ainda vale por aqui, ou deveria, se a administração atual não enxergasse apenas votos ao invés de pessoas. Por esta razão parabenizo a atitude ousada desta gestão e o compromisso firmado com os estudantes em manter o show. Mais do que uma confraternização, foi um ato de protesto por toda a discriminação que sofremos por aqui.
E a calourada ainda continua. Está sendo realizada a segunda Copa Calourada de futsal, que neste ano bateu recorde de inscrições, sendo mais de quarenta times masculinos e femininos na disputa, integrando calouros e veteranos em uma disputa amistosa entre diversos cursos da UEM.
Ainda, dia primeiro de abril o professor doutor Márcio Pochmann, da Unicamp e atual Presidente do IPEA, irá ministrar a aula magna do diretório.
Nós, estudantes, não queremos apenas festas.
Diretório Central dos Estudantes – UEM. Gestão Bonde do Amor.