Uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) na terça-feira (13) debateu uma série de desmontes ocorridos nos últimos anos no Banco do Brasil. Na visão dos participantes, as intenções do Governo Federal, ao fechar agências e promover demissões na instituição, é demonstrar uma falsa ineficiência do serviço público para promover a privatização do Banco do Brasil. Proposta pelo deputado Tadeu Veneri (PT), a audiência remota reuniu políticos, representantes de federações bancárias e de entidades sindicais.
Apenas no ano passado, 5500 postos de trabalho foram encerrados no Banco do Brasil em todo o País, com uma série de agências bancárias fechadas. A estimativa das federações bancárias é que desde 2016 cerca de 17 mil funcionários perderam o emprego no banco. Para o deputado Tadeu Veneri, o desmonte precisa ser debatido. “Nosso objetivo é fazer uma reflexão e uma troca de experiências sobre esta situação tão complicada. Vamos usar nossas ferramentas para o enfrentamento e para lutar pelos trabalhadores”, afirmou o parlamentar.
O presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-PR), Deonísio Schmidt, lembrou o importante papel dos bancos públicos na retomada do crescimento econômico. Segundo ele, 54% de todo o agronegócio do País é financiado pelo Banco do Brasil. “Em janeiro, a diretoria do banco anunciou a reestruturação da instituição. Para nós, isto representa um desmonte para a privatização. A capacidade de atuação do Banco do Brasil está sendo reduzida para a privatização. Este é um prejuízo incalculável”, afirmou.
O ex-governador do Paraná e ex-senador Roberto Requião reafirmou a dependência da agricultura do País do Banco do Brasil. “O Banco do Brasil sustenta nosso agronegócio. Sem ele, a agricultura não produziria o que produz. Os fundos de investimento estão se jogando em cima das empresas públicas para lucrar. O desmonte se dá em três pontos: precarização do Estado, do parlamento e do trabalho. O problema com o Banco do Brasil é com o capital financeiro. O Banco do Brasil tem de estar a serviço do Brasil e não de fundos financeiros ou de investidores do mercado”, reforçou.
A visão é semelhante a do secretário-geral da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Estado do Paraná (FEEB-PR), João Haroldo Ruiz Martins. “O Banco do Brasil investe em desenvolvimento, não em enriquecimento de acionistas. Temos visto as ameaças ao banco, com o governo interessado em retirar sua importância histórica. O banco pertence à população, então tem de atender aos interesses desse povo”, completou.
Segundo Antônio Luís Firmino, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, o Banco do Brasil tem seu papel de instrumento público de desenvolvimento. “Não estamos falando de uma simples entidade, mas sim da primeira entidade financeira do País. O Banco do Brasil é o banco da agricultura. Se o campo não planta, a cidade não janta. Querem vender um discurso de que se é público é ineficiente e corruptível. Sabemos que é ao contrário”.
Apoio
Para o coordenador da Comissão de Empresa de Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, o fechamento de agências visa a precarização da instituição. “Vemos agências sendo fechadas em periferias e pequenas cidades. Isto acaba com a possibilidade de apoio às micro e pequenas empresas e à agricultura familiar. Bancos privados têm taxas de juros mais altas, além de não terem o interesse de atuar nessas áreas”, disse.
Elizandro Paulo Krajczyk, coordenador-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Paraná (FETRAF-PR), concordou. Segundo ele, a maioria do financiamento a agricultores familiares é feito pelo Banco do Brasil. “A agricultura familiar tem papel importante na produção de alimentos. Representa a economia dos pequenos municípios. Para isso, nós dependemos de crédito subsidiado e o Banco do Brasil é o grande responsável por isso”, informou.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Mourão, Luís Marcelo Legnani, também reforçou a importância do Banco do Brasil no apoio a políticas públicas das camadas menos favorecidas. “Os bancos privados estão nas grandes cidades e nas mais ricas. Mas cerca de mil cidades no País só têm bancos públicos. Isso se reflete em crédito nas pequenas localidades, como a habitação popular, apoio às micro e pequenas empresas e o crédito rural. Um país que se pretende grande, precisa dos bancos públicos”, comentou.
Com Assessoria