Umas das principais estratégias de combate à pandemia foi a adoção da suspensão das aulas presenciais em todo país. No entanto, diversos municípios e estados, contrariando os protocolos de saúde e as recomendações dos especialistas, decidiram permitir o retorno das aulas, como é o caso do Paraná em 2021.
Agora, um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que essa estratégia coloca em risco, principalmente, a vida dos profissionais da educação. Levantamento revela que os desligamentos por morte na educação cresceram nos quatro primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2020, quando o país ainda não sofria com a pandemia.
Segundo o Dieese, ocorreram 1.479 desligamentos por morte entre janeiro e abril de 2021. O aumento no número de desligamentos por morte entre os trabalhadores da educação foi mais acentuado nos três estados com as maiores taxas de mortalidade por covid-19: Rondônia, Amazonas e Mato Grosso. Manaus, por exemplo, foi uma das capitais que manteve as aulas presenciais durante o surto de Covid-19.
“Nos primeiros quatro meses de 2021, a quantidade de desligamentos de trabalhadores por morte no Brasil aumentou 89%, saindo de 18.580 para 35.125. Na educação, esse número mais do que dobrou. O setor foi o quarto com o maior registro de contratos formais extintos devido ao falecimento de trabalhadores”, esclarece o Boletim.
Em 2020, foram registradas 650 mortes. Já em igual período de 2021 subiu para os 1.479 desligamentos.
Um dado chama atenção do levantamento: as mortes entre profissionais da educação ocorreram mais no ensino médio, onde as aulas presenciais voltaram mais rápido no país. No Paraná, por exemplo, o ensino superior segue em sistema remoto. Já a educação infantil em cidades como Curitiba, no sistema público municipal, ainda não retornou para a modalidade presencial.
“Entre os profissionais da educação, os professores com ensino superior, que dão aulas no ensino médio, tiveram o maior aumento no número de desligamentos por morte. No início de 2021, essa quantidade mais que triplicou em relação a 2020. O número de contratos extintos por morte entre professores de nível médio que atuam na educação infantil e fundamental também teve grande aumento: 238% nos quatro primeiros meses de 2021”, aponta o Dieese.
Esses números mostram que os profissionais da educação foram expostos à contaminação por decisões políticas de prefeitos e governadores. Reflexão que é feita pelo deputado estadual, Professor Lemos: “Estamos perdendo muitos professores e funcionários, que estão indo para o cemitério, por conta desta política que está sendo feita no Paraná na educação. Hoje, professores, funcionários de escolas e estudantes estão em movimento, denunciando que a retomada das aulas e atividades presenciais nas escolas tem levado à morte muitos professores e muitos funcionários de escolas. O Paraná é o Estado com maior número de mortes de educadores do Brasil!”, compara.
A taxa de desligamento por morte no Paraná entre os profissionais da educação cresceu 250% entre 2020 e 2021. Entre janeiro e abril de 2020 foram contabilizados 28 desligamentos. No mesmo período deste ano, a quantidade de registros saltou para 98 casos. O estudo, no entanto, não detalha a causa morte das vítimas.
Com Porém.Net