Os dois principais candidatos começaram na terça-feira(6) a campanha eleitoral pela região sul do país. Dilma Rousseff (PT) por Porto Alegre (RS) e José Serra por Curitiba (PR). Trata-se de um esforço planejado para conquistar as mentes e corações dos mais de vinte milhões de eleitores dos três estados sulistas.
Por Milton Alves*, em seu blog
Com objetivos diferentes, as duas coligações partidárias buscam neste complexo território determinados objetivos. A coligação oposicionista busca manter principalmente um certo patamar de votos que impeça uma vitória no primeiro turno da candidata apoiada por Lula e seu amplo bloco de partidos aliados, contrabalançando a larga vantagem obtida por Dilma nas regiões norte e nordeste. Além disso, o PSDB visa manter cabeças-de-ponte para estruturar e reorganizar um futuro campo oposicionista, já pensando em 2014. Para atingir os dois objetivos, Serra e os tucanos apelam para o vasto eleitorado de classe média da região, batendo na tecla de um discurso baseado em chavões como a gastança do governo, a elevação dos impostos, e de preconceitos moralistas sobre o governo de Lula, e ataques ao pretenso despreparo de Dilma. São notas que encontram sintonia em certos setores mais conservadores das camadas médias sulistas. Resta saber o alcance e o potencial da estratégia já posta em movimento.
É uma aposta dos tucanos que, sem condições de apresentar uma crítica mais globalizante ao governo de Lula, buscam nichos para sustentar o projeto eleitoral oposicionista. Não foi à toa que Serra tentou emplacar o senador paranaense Álvaro Dias (PSDB-PR) como candidato à vice-presidência.
Mas como dizia Garrincha, é preciso combinar com os russos. A coligação de Dilma também apresenta suas armas. Montou no Rio Grande e no Paraná uma forte base de apoio. Reuniu um amplo leque de alianças, sobretudo no Paraná. E na série histórica dos números das últimas disputas eleitorais a vantagem dos tucanos na região não é exuberante, segundo as atuais pesquisas de intenções de votos. E nos populosos cinturões metropolitanos de Porto Alegre, Curitiba e Florianopolis são consistentes e robustos os impactos dos programas sociais do governo de Lula na vida dessas populações. Também se Dilma encosta mais um pouco ou mesmo ultrapassa Serra é possível até uma vitória no primeiro turno, o que seria uma derrota em toda linha da oposição conservadora.
A batalha pelo eleitorado do Sul apenas começou, uma parte importante dessa disputa de rumos e projetos para o país será travada desde o Chuí até as barrancas do Rio Paraná.
* Presidente Estadual do PCdoB-PR e membro do Comitê Central