Poucos atentaram-se ao funcionamento de nossa intuição! Talvez a linguagem seja a verdadeira forma de nossa intuição! Esse processo de extrair-se conhecimento da intuição parece não ter sido ainda satisfatoriamente investigado. Por isso, devemos nos perguntar: que é a linguagem se é por meio dela que damos forma às nossas intuições? É exatamente neste ponto que a filosofia aproxima-se da arte. Pensemos na literatura, na poesia! Por isso, talvez a arte possa ser considerada como uma forma de conhecimento: conhecer talvez seja dar forma às nossas intuições. As intuições aparecem à nossa consciência por meio da linguagem? Quando digo “linguagem”, na verdade quero dizer “linguagem escrita ou falada”. Talvez haja outros tipos de intuição, intuídas por meio de outras linguagens, mas esta intuição, a que está ligada à linguagem escrita ou falada, é que dá origem ao conhecimento.
A música, por exemplo, não é uma forma de perceber as coisas. A música é, fundamentalmente, a arte de extrair sons de objetos. Ainda que se fale de uma “linguagem musical”, a música não é uma linguagem. A música não é uma forma de entender as coisas. Talvez ela seja um modo de sentir as coisas. Por isso, ela representaria uma outra forma de intuição ou, melhor, ela resultaria em uma outra forma de intuição, diferente daquela que gera o conhecimento.