Por Austin Andrade
Por muitos anos pudemos perceber a história sendo construída de acordo com interesses políticos, econômicos e sociais de pequenos grupos. Ela (História) tem se demonstrado um meio fantástico e eficiente para se formar ídolos, heróis, justificar agressões, enaltecer acontecimentos e também para ajudar na criação de países… claro, tudo com base em construções mentais e nas relações de poder. Aliás, o poder de um simples papel e de uma caneta ás vezes pode se equiparar a das mais terríveis armas, sem ao menos a gente perceber, ou dar maior importância.
Em 16 de dezembro de 1994, o celebre historiador Eric Hobsbawn, publicou no New York Review of Books, o famoso texto, “A Nova Ameaça para a História”, na qual já alertava para o uso dessas construções para justificar e enaltecer o surgimento de nações, que muitas vezes surgiram para atender demandas capitalistas, principalmente após a dita “segunda revolução industrial”.
E o que essa pequena introdução tem a ver com a crise no Paraná? Muito bem! Não seria exagero dizer que muita coisa. Essa construção historiográfica que nosso amigo Hobsbawn nos alertou existir a muitos anos atrás, podemos perceber “in loco” e com toda força possível aqui em Campo Mourão. É a construção histórica tentando ser erguida para atender interesses de alguns e tentando justificar o injustificável, ou seja…tentando justificar o desastroso governo de Beto Richa.
Partindo dessa premissa, podemos ver que muita coisa mudou. Hoje temos uma relação social intensificada por causa do mundo virtual, noticias sendo geradas e transmitidas em tempo real a todo instante, praticamente nada é segredo. Ainda assim existem meios de comunicação tentando esconder, tentando manipular o que está diante dos olhos. Nessa batalha pela informação, perdeu o governo e os deputados que insistem em ficar contra o povo.
Perdeu também todos aqueles que por algum motivo tentam manter uma santidade em cima de Beto Richa. Perdeu a imprensa que no anseio de proteger seu pupilo deturpou ou tentou esconder informações. Informações essas que logo saltaram aos olhos de toda coletividade, provocando, principalmente em Campo Mourão uma verdadeira crise de identidade e de confiança em relação alguns veículos.
Perdeu entidades que tentaram enfiar na cabeça dos mourãoenses que era importante “eleger deputado daqui” como se isso fosse preponderante para o desenvolvimento do município, esquecendo-se assim que um cargo legislativo não é o mesmo que o executivo, ou seja, estão para legislar em torno do todo, e não para atender alguns pequenos grupos.
Prova disso é essa batalha que está sendo desenvolvida em nosso estado. Ficou provado que os interesses dos moradores de Campo Mourão em ter um sistema educacional de qualidade não foi levada em conta. Nossos interesses em ver os serviços públicos funcionando em perfeita harmonia com nossas necessidades, também não foi levado em conta. Ficaram claro que nossos interesses coletivos não são os mesmos interesses dos que se dizem nossos representantes. Agora pergunto, vale a pena apoiar um candidato somente por ser de nossa cidade? Acho que não, a conta ficou cara demais. Como foi dito antes, os nossos interesses como população não são os mesmos interesses de quem está temporariamente no poder. Independente de que cidade seja. Mesmo que parte da imprensa insista em criar um modelo de desenvolvimento que simplesmente não existe.
Nessa situação atual ganhou a população, que está podendo não apenas ver a situação em que nos encontramos, mas está também podendo sentir na pele o que está sendo negado em algumas mídias. Ganhou também os professores que conseguiram se unir para não ver conquistas que levaram anos para serem conquistadas serem simplesmente jogada nas latas de lixo. Ganhou as outras categorias de profissionais que estão se manifestando, reivindicando. Afinal, do que seria a democracia se não pudéssemos nos manifestar.
Não é possível que seja normal que nossas salas de aula se transformem em depósitos humanos com mais de 50 alunos amontoados de qualquer jeito.
Espero que as pessoas aos poucos consigam se perceber como agentes ativos da nossa própria história. Que essas construções mentais e sociais que parte da imprensa tenta nos empurrar como verdade seja questionada, sejam analisadas. Nessa batalha por direitos e deveres que tomou conta do Paraná, existe um perdedor claro, o governo e todos aqueles que insistem em manter uma aura santa e benevolente em volta do poder maior. Que essa crise de desconfiança traga maior reflexão a todos. E que os meios de comunicação que deveriam informar ao invés de fazerem proselitismo político, deixem seus interesses mesquinhos de lado e passem a honrar com responsabilidade a tal “liberdade de imprensa”, que por sinal é uma conquista recente.
*Austin Andrade é Historiador graduado pela Universidade Estadual do Paraná – Unespar, Interprete criador e professor de dança clássica e contemporânea. Escreve todas as segundas-feiras para o Blog do Raoni.
ELIAS ROCHA
23 de fevereiro de 2015 às 9:31
Muito bom… Leia.
rosinalva ordonia da silva
24 de fevereiro de 2015 às 18:29
A nossa militância deverá ser intensa nas próximas eleições , então poderemos fazer frente aos pseudo representantes do bairro, da cidade e da região.