A velocista do Instituto de Atletismo de Campo Mourão/Fecam/Assercam, Flavia Maria de Lima escreveu mais um grande capítulo de sua história, dessa vez o cenário foi os Jogos Olímpicos de Paris. Na sua corrida de estreia, nesta sexta-feira (2), no Stade de France, Flávia fez sua melhor marca na temporada, 2m00s73.
Única representante do Brasil na prova de 800 metros, Flavia largou da raia 8, a segunda mais aberta, mas conseguiu assumir a liderança do pelotão antes da metade da prova.Tentando imprimir um ritmo mais rápido para abrir vantagem das concorrentes, foi alcançada no começo do sprint final e ficou para trás terminando na sexta colocação da bateria qualificatória. Como apenas as três primeiras avançaram direto para a semifinal, Flávia foi para a repescagem.
Na manhã deste sábado (3), e menos de 24h, Flávia correu novamente nas Olimpíadas. A atleta começou a prova com uma estratégia diferente da usada ontem, ficando atrás do pelotão e finalizando a primeira metade na sétima posição. Com mais ritmo na segunda parte, ela ultrapassou duas corredoras e encerrou sua participação nos Jogos Olímpicos na quinta posição com o tempo de 2m01s64.
A brasileira precisava vencer ou ficar com os dois melhores tempos, fora as classificadas, o que não foi possível. Na classificação geral terminou em 15º lugar.
“É uma sequência pesada, mas me senti bem na prova. Deixei abrir no começo, onde deu a diferença. Tentei me desenvolver durante a corrida, porque o corpo não respondeu no começo.”, disse, após sua participação na prova da repescagem.
Carreira
Flávia Maria é natural de Campo do Tenente, começou a correr aos 17 anos competindo pela primeira vez em uma edição de jogos escolares na cidade de Maringá, neste evento seu talento foi descoberto pelo treinador de Campo Mourão, Paulo César da Costa, o Paulinho. Para se dedicar ao atletismo, Flávia mudou para Campo Mourão onde até hoje foi integra a equipe do município.
Nestes 14 anos de carreira, Flávia já foi três vezes Campeã sul-americana e bronze nos Jogos Pan-Americanos de 2015, em Toronto, Canadá. Já participou do Mundial de Atletismo e esteve nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Além disso, ela é pentacampeã do Troféu Brasil de Atletismo.
Para estar em Paris, ela conseguiu as marcas nos 800m de 2m1s16 no Troféu Brasil, em São Paulo, 2m1s89 no Grande Prêmio de Watford, na Inglaterra, e 2m00s92 no Meeting de Troyes, na França.
“A Olimpíada é o sonho de todo atleta, o ápice na carreira de todo atleta de alto rendimento. Estar realizando esse sonho pela segunda vez não tem preço. É um momento de gratidão, porque é muito difícil chegar lá, são poucas vagas. Foi muita luta, muita disciplina e muita dedicação.” disse Flávia em entrevista ao GE.
Luta pela filha
Flávia Maria encara uma disputa judicial com o ex-marido em torno da guarda da filha de 6 anos de idade.Segundo a atleta, o ex-cônjuge e pai da criança, protocola todas as viagens da velocista em uma ação judicial alegando abandono parental.
“Por incrível que pareça, a minha profissão é o ponto no que está sendo julgado. Sim, competições que participei foram protocoladas alegando que eu abandonei a minha filha. No começo até fiquei aterrorizada, amedrontada, fiquei com medo de competir, de viajar, até pensei em desistir. Mas com um acompanhamento psicológico e conversando com minha mãe, que esteve me apoiando todos os dias, eu resolvi lutar e buscar os meus sonhos, vir atrás de tudo aquilo que eu sempre sonhei”. Disse Flávia ao GE.
O processo envolvendo está em segredo de justiça porque envolve uma criança. Ainda não houve decisão judicial.
Apoio
Após Flávia Maria expor em suas redes sociais, que foi acusada de abandonar a filha por viajar para competir, sua história viralizou na internet e a atleta começou a ganhar centenas de seguidores, no começo das Olimpíadas de Paris eram menos de 3 mil no instagram, atualmente ela está perto dos 60 mil.
Com a visibilidade começaram a chegar o apoio de mulheres famosas como as atrizes, Paolla Oliveira, Luana Piovani, Samara Felippo, Juliana Paes, Letícia Colin, Nanda Costa, Mallu Galli, Isabel Fillardis, além da apresentadora Astrid Fontenelle e inúmeros outros.
Quase todas compartilharam ou comentaram uma postagem de uma marca de camiseta Puta Peita que questiona se algum atleta homem é acusado de abandono parental por ir às Olimpíadas?
Para o repórter Felipe Kieling, do Grupo Bandeirantes, Flávia comentou sobre a repercussão: “As mulheres estão entendendo que elas têm um poder muito grande se elas acreditarem nelas. Eu acho que o que tá acontecendo nessa Olimpíada já diz por si só que a gente está acordando”.