“Se tivesse maior representatividade política, a ONU decidiria e os países cumpririam”, disse o presidente. Lula falou aos jornalistas durante visita às obras de transposição do Rio São Francisco, em Floresta, no sertão de Pernambuco, a 440 km do Recife.
Lula lembrou que “há 15 anos o Brasil tem reivindicado uma reforma no no Conselho de Segurança da ONU”. E declarou-se “muito otimista de que este ano nós iremos conseguir fazer uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, nos seus membros permanentes”. A escolha do Brasil hoje, por 182 votos em 183, foi para um mandato de dois anos.“Se a ONU quiser voltar a ter representatividade, tomar as decisões e essas decisões serem executadas, ela tem que reformar o conselho e colocar outros países (como membros permanentes)”, disse Lula.
O presidente usou uma metáfora para mostrar a situação do atual Conselho de Segurança da ONU, comparando-o a uma fruta madura. “Eu estou convencido de que esse negócio do conselho permanente da ONU está igual a uma fruta madura. Quer dizer, ela já está passando do ponto, daqui a pouco ela cai, e se os dirigentes da ONU, sobretudo os países que mandam no conselho, não aceitarem a reforma eles serão responsáveis pela fragilidade da ONU”, afirmou. Mas declarou-se otimista, esperando que o conselho passe por uma reforma ainda este ano.
A diplomacia brasileira defende uma reforma do Conselho de Segurança que amplie o número de membros permanentes, hoje restrito a cinco países escolhidos de acordo com a geopolítica de logo após a 2ª Guerra Mundial (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França).”Nós estamos convencidos que a ONU está superada. A ONU de 1948 não representa a correlação de força existente no mundo hoje, nem geograficamente, nem politicamente, nem economicamente”, sublinhou o presidente.”É preciso que se leve em conta a participação dos países de vários continentes. A África pode ter um, dois ou três países representados; a América Latina pode ter um, pode ter dois; não tem como explicar o Japão estar fora, a Alemanha estar fora, não tem como explicar a índia estar fora”, argumentou Lula.Lula defendeu ainda que o conflito palestino-israelense no Oriente Médio não pode ter como principal mediador os Estados Unidos. “A questão do Oriente Médio não pode ser um problema particular dos Estados Unidos. Quem deveria resolver o conflito entre judeus e palestinos é a ONU, mas, segundo ele, não o faz porque não tem força. O o que nós queremos é que a ONU tenha muita força”, avaliou.
Lula e a diplomacia brasileira tem razão. A conjuntura de 1948 não representa nem de longe a de hoje e a falta de representatividade e força da ONU é bastante evidente como nos casos de Honduras ou do Oriente Médio.
Do Portal Vermelho e do Blog do Raoni