O desemprego no Brasil atingiu seu maior nível durante a pandemia. A taxa de desocupação chegou a 14,3%, na quarta semana de agosto, afetando 13,7 milhões de brasileiros, um recorde da série histórica da pesquisa Pnad Covid iniciada em maio e divulgada nesta sexta-feira (dia 18), pelo IBGE. Em maio deste ano, a taxa era de 10,5%.
Em apenas uma semana, 1,1 milhão de brasileiros entraram para a estatística de desemprego. O movimento é explicado principalmente pela alta no número de pessoas em busca de uma vaga, após o relaxamento da quarentena.
Pela metodologia do IBGE, é desempregado quem não tem ocupação, mas está procurando trabalho na semana de referência da pesquisa. A Pnad-Covid é semanal e não pode ser comparada à Pnad Contínua, trimestral.
Ela destaca que o crescimento da taxa de desocupação também se deve às variações negativas da população ocupada.
O número de trabalhadores afastados do trabalho por conta das medidas de isolamento retraiu em 363 mil, correspondendo a 3,6 milhões de pessoas, que representam 4,4% da população ocupada.
Atualmente, segundo o levantamento, 8,3 milhões trabalham remotamente. O nível de ocupação é de 48,3% e a taxa de informalidade 34%.
— No início de maio, todo o mundo estava afastado, em distanciamento social, e não tinha uma forte procura [por emprego]. O mercado de trabalho estava em ritmo de espera para ver como as coisas iam se desenrolar. As empresas estavam fechadas e não tinha local onde essas pessoas pudessem trabalhar. Então, à medida que o distanciamento social vai sendo afrouxado, elas vão retornando ao mercado de trabalho em busca de atividades — afirma a coordenadora da pesquisa, Maria Lucia Vieira.
Cerca de 16,8 milhões de pessoas fora da força que gostariam de trabalhar e não procuraram trabalho não o fizeram por causa da pandemia ou por não encontrarem uma ocupação na localidade em que moravam.
Apesar de apresentar estabilidade em relação a semana anterior (17,1 milhões), esse contingente reduziu em dois meses (19,1 milhões). Atualmente, 74,4 milhões de pessoas estão fora da força de trabalho.
— Vemos uma maior flexibilidade das pessoas, pressionando o mercado de trabalho, buscando emprego. E esses indicadores ficam refletidos no modo como eles estão se comportando em relação ao distanciamento social — diz Maria Lucia.
Com IBGE e Extra