Menor preço e investimentos em obras de infraestrutura. Essas foram as demandas apresentadas por lideranças políticas e empresariais da região de Campo Mourão durante a 13ª audiência pública promovida pela Frente Parlamentar sobre o Pedágio da Assembleia Legislativa do Paraná, realizada remotamente nesta quinta-feira (22) e transmitida pela TV Assembleia e pelas redes sociais do Poder Legislativo.
A reunião contou com a participação de prefeitos, vereadores, deputados, senadores e demais lideranças empresariais e comunitárias de toda a região. Durante quase três horas, os participantes da audiência relataram aos parlamentares membros da Frente as principais demandas da região de Campo Mourão.
A Frente apresentou um panorama do modelo atual de pedágio, com erros e equívocos cometidos no modelo de concessão em vigor no estado do Paraná. Para os deputados o modelo proposto pelo Ministério da Infraestrutura é um risco, já que o desconto está limitado em um valor de 17%, o que pode representar no futuro uma tarifa com o valor que pode chegar a 80% dos preços praticados atualmente. A apresentação mostrou ainda que o modelo inclui o chamado degrau tarifário, que representa o aumento da tarifa compulsoriamente em até 40% após a realização das obras e duplicações.
Para o deputado estadual Douglas Fabrício (Cidadania), a audiência é um espaço democrático para explanações, troca de ideias, reivindicações e até mesmo reclamações.
“Uma Frente ativa, com apoio dos 54 deputados que lutam por uma tarifa justa e obras. Essa união da sociedade vai ajudar a rever esse processo junto ao Governo Federal”.
Campo Mourão e os municípios vizinhos serão afetados predominantemente pelo Lote 5 da nova modelagem, abrangendo 430 quilômetros de rodovias. A proposta mantém as praças de cobrança de Floresta, Campo Mourão e Corbélia, e inclui duas novas praças: Toledo e Mercedes. Ao total, o contrato prevê R$ 16,1 bilhões em receitas nos 30 anos de contrato, sendo R$ 4,33 bilhões em investimentos e R$ 4,09 bilhões em operações.
Atualmente, nas praças de Floresta, Campo Mourão e Corbélia são cobradas tarifas de R$ 17,70. Os preços sugeridos para essas praças, pela nova proposta, são de R$ 9,96, R$ 9,20 e R$ 9,62, respectivamente.
Após as obras de duplicação, essas tarifas subirão 40% de acordo com a nova modelagem. Para as novas praças, de Toledo e Mercedes, estão previstas tarifas de R$ 10,99 e R$ 9,04, respectivamente.
Durante a audiência, também foi informado que foi deixada de fora a ligação entre Campo Mourão, Pitanga e Guarapuava, segundo o governo federal este trecho não gera lucro.
O prefeito de Campo Mourão, Tauillo Tezelli (Cidadania), afirmou que a região não suporta mais o atual modelo de pedágio com preços altos de tarifa.
“Esse é um modelo de pedágio que vai mexer com toda a região. É visível que o modelo de outorga não dá certo. Só o menor preço vai funcionar. Também é preciso fazer um contrato com regras claras para que a concessionária faça o que está no contrato, para acabar com aquelas discussões ano a ano, sobre aumento, obra e tudo mais. Precisamos do pedágio e seus investimentos, mas com tarifa baixa e regras claras”, disse.
“Precisamos brigar pelo presente e o futuro do Estado. Menor preço é o ideal e precisamos de obras. Investimentos trazem demandas”, apontou o prefeito de Araruna e presidente da Comcam, Leandro Oliveira (Cidadania). “A união de todas as forças é importante para debater esse tema que terá reflexo pelos próximos 30 anos na vida dos paranaenses”, afirmou Rafael Bolacha (MDB), prefeito de Moreira Sales.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Campo Mourão, Ben-Hur Berbet, também apontou que as altas tarifas de pedágio atrapalham o desenvolvimento da região. “O paranaense não aceita esse modelo de outorga, que onera ainda mais as nossas tarifas. Por isso, reforçamos nosso pedido a favor da menor tarifa. Essa tarifa encarece nossa logística e nossa produção. Temos a maior cooperativa da América Latina. E é preciso que o Governo Federal escute toda a sociedade paranaense. Essa decisão precisa sair daqui do Paraná Não podemos ficar sem voz. Agora é o momento de os paranaenses tomarem a rédea do futuro do nosso estado”, afirmou.
“Não podemos cometer de novo o mesmo erro cometido no passado. Essa questão da outorga é difícil de aceitar. Não podemos ter mais esse alto custo. Menor tarifa é o que queremos”, destacou Fernando Mizote, do Sindimetal. “Esse assunto é muito importante para o desenvolvimento local e regional”, afirmou o presidente da Codecam, Newton dos Santos Leal.
Para Airton Galinari, presidente-executivo da Coamo, é preciso que as demandas da sociedade e do setor produtivo do Paraná sejam levadas ao Governo Federal e acompanhadas pela classe política paranaense. “As empresas que compõem a cooperativa transitam no estado inteiro. Provavelmente somos os maiores pagadores de pedágio. Essa hegemonia de ações entre a Assembleia e o setor produtivo é muito importante. Nos preocupamos como essas propostas do G7 e da Assembleia estão sendo recebidas em Brasília. Acredito que seja o momento dos nossos parlamentares acompanharem de perto esse assunto no campo político e oferecemos todo o apoio possível para que as nossas demandas sejam atendidas”, disse.
“O que me anima é ver o setor produtivo engajado com os parlamentares defendendo o mesmo propósito. Tarifa menor e não a taxa de outorga”, concluiu o presidente da Fetranspar, coronel Sérgio Malucelli.
Nova modelagem
O modelo proposto pelo Governo Federal prevê um investimento de R$ 42 bilhões nos 30 anos de concessão. Serão implementadas 42 duas praças de pedágio divididas em seis lotes, em uma extensão de mais de 3,3 mil quilômetros de rodovias pedagiadas. A Taxa Interna de Retorno (TIR) regulatória adotada é de 8,47%. A TIR é um método utilizado para análise de viabilidade de projetos de investimento.
Com a nova modelagem, estão previstas 15 novas praças de pedágio, sendo quatro no Oeste, três no Sudoeste, três no Noroeste, duas no Norte e três no Norte Pioneiro. Quatro das dez praças de pedágio mais caras do Brasil estão no Paraná. Além disso, muitas obras previstas até o final do atual contrato não foram realizadas ou foram suprimidas, como duplicações de rodovias e construção de trevos e contornos. Os deputados da Frente Parlamentar defendem três critérios a serem adotados na nova modelagem de concessão: menor preço, mais obras e em menos tempo.
A Frente Parlamentar já realizou audiências de forma presencial nas cidades de Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina, Cornélio Procópio, Guarapuava, Francisco Beltrão e Apucarana, além de audiências remotas nas cidades de Umuarama, Paranavaí, Ortigueira, Telêmaco Borba, Paranaguá e Ponta Grossa.
Para quem perdeu a audiência e quiser assistir ao debate, basta acessar o youtube da Alep, neste link AQUI.
Com Assessoria Alep