Desde o início da pandemia de Covid-19, o uso de plasma de pessoas que já se infectaram, chamado plasma convalescente, surgiu como um tratamento promissor contra a doença. Diversos estudos foram iniciados ao redor do mundo, incluindo o Brasil, para avaliar a eficácia da terapia.
Essa técnica de tratamento é bem antiga, em 1918, a transfusão de plasma convalescente chegou a ser utilizada como forma de tratar pacientes infectados pela Gripe Espanhola e mais recentemente essa estratégia trouxe resultados benéficos, em surtos de Ebola e Sars.
No mais recente estudo realizado pela organização de pesquisas norte-americana Mayo Clinic, no EUA, se mostrou eficaz na redução do índice de mortalidade em pacientes em estado grave. No entanto, o tratamento funcionou melhor ainda naquelas pessoas que receberam o plasma em até 72 horas após a internação.
Goioerê pioneiro no tratamento
Baseados nesses estudos o médico intensivista Jackson Erasmo Fuck, do Hospital Santa Casa de Goioerê, teve a iniciativa de propor à diretoria do hospital o tratamento precoce dos pacientes internados na instituição. Adotado como protocolo do hospital há algumas semanas, é pioneiro no Paraná, e já apresenta importantes frutos.
O médico apresentou, na quinta-feira (20) os primeiros resultados do tratamento com transfusão de plasma aplicado em cinco pacientes diagnosticados com Covid-19, “Com cerca de 12 horas os pacientes começaram a apresentar melhoras”, afirmou Jackson. O tratamento é capaz de fornecer anticorpos preciosos contra o vírus para pacientes em processo de recuperação da doença.
Ainda de acordo com o médico, dos seis pacientes internados naquele momento, cinco receberam o tratamento com plasma, sendo que todos tiveram evolução de recuperação significativa e dois já receberam altas.
Após a Santa Casa de Goioerê dar o ponta pé inicial, o Hospital Cemil de Umuarama também passou a aderir o protocolo de tratamento.
O que dizem as autoridades no mundo
Para o Ministério da Saúde, o plasma será usado como terapia compassiva, ou seja, a utilização será de forma isolada e a critério do médico assistente, seguindo os protocolos definidos pela instituição, o procedimento terá como princípio a transfusão a pacientes com quadros graves, que ameacem a vida, e cujas alternativas de terapias com medicamentos e metodologias registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já tenham sido esgotadas.
Nos Estados Unidos, país dos primeiros estudos, o presidente Donald Trump autorizou no domingo (23) o “uso emergencial” da transfusão de plasma sanguíneo de pessoas recuperadas do coronavírus para pacientes hospitalizados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou que as nações podem optar por esse tipo de aplicação enquanto não existem resultados definitivos, se avaliarem que os benefícios do tratamento compensam os riscos.