O boletim Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta quinta (5), mostra que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) voltaram a crescer no fim de abril, na população adulta. A tendência foi observada em vários estados, o que afetou também a média nacional.
O dado se diferencia do observado ao longo de fevereiro e março, quando o sinal de crescimento esteve fundamentalmente restrito à população infantil (0 a 4 e 5 a 11 anos).
Segundo o levantamento, a população adulta de 14 das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a semana epidemiológica 17 (última semana de abril): Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa Catarina.
As demais apontam sinal de queda ou estabilidade na tendência de longo prazo. No entanto, Goiás apresenta sinal de crescimento na tendência de curto prazo (últimas três semanas).
O boletim Infogripe estima uma média de 4,7 mil casos na última semana de abril, acima dos 3,5 mil casos da semana anterior. Desta estimativa, 2,3 mil casos (49%) estariam concentrados em crianças de 0 a 4 anos. Esse grupo etário ainda não recebe imunização contra a Covid-19 no Brasil: a idade mínima para aplicação do imunizante é cinco anos.
Diferentemente das semanas anteriores, quando se verificou um crescimento restrito à população infantil, de zero a 11 anos, desta vez a alta aconteceu entre adultos.
O pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, ressalta que, no momento, a principal suspeita é que esse sinal de possível aumento na população adulta esteja associado ao Sars-CoV-2 (Covid-19), que tem apresentado leve crescimento na positividade entre os casos leves, mas pode também estar associado a um eventual retorno do vírus Influenza A (gripe).
“Os dados laboratoriais associados aos casos de SRAG ainda não nos permitem precisar. As próximas atualizações poderão trazer maior clareza. De qualquer forma, é importante que a rede laboratorial esteja atenta à possibilidade de circulação simultânea desses dois vírus respiratórios, testando para ambos sempre que possível para que possamos ter dados adequados para a caracterização de quais desses vírus estão causando essas internações”.
Observa-se, ainda, que 11 das 27 capitais apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo até a semana 17: Belém (PA), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), São Luís (MA) e Vitória (ES). Goiânia (GO), Macapá (AP) e Palmas (TO) apresentam sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo.