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Coluna do Emílio Gonzalez

Coluna do Emílio Gonzalez: Notícias de uma guerra particular

Foto: APP Sindicato

Foto: APP Sindicato

A esperada reunião entre o governo Beto Richa e movimento grevista, ocorrida nessa semana (12/05), terminou sem solução. Na ocasião, sem apresentar qualquer proposta, o governo se limitou a pedir mais prazo – algo que já havia feito antes, quando decidiu marcar a reunião para essa data.

A APP (Associação de Professores, sindicato da categoria) já decidiu: não irá mais participar de reuniões com o governo enquanto perdurar o impasse. A entidade quer que o governo deixe de marcar chazinhos da cinco, e apresente uma proposta concreta para o movimento grevista.

Esse comportamento, essa lenga-lenga feita pelo governo Beto Richa tem uma razão de ser: a ideia é desgastar o movimento prolongando a greve e afetando o bom humor dos docentes, especialmente daqueles que esperam “em casa” as benesses e eventuais direitos que o sindicato possa vir a conseguir. Com o calendário letivo cada vez mais estourado, vários professores – alguns até por iniciativa de suas direções – estão retornando mansamente à sala de aula, como se nada tivesse acontecido de importância. Nem as negociações, que não avançaram. Nem as balas de borracha a arder no lombo dos professores massacrados no Centro Cívico.

A greve se alonga, mas a culpa não é da APP. É, sim, do governo, o único que por enquanto não moveu uma palha para resolver o impasse. Por outro lado, a iniciativa de sabotar o movimento grevista, pela razão que seja, é no mínimo vergonhosa, para não dizer imoral. Afinal, o que temem os professores, já que tantos direitos já foram perdidos – inclusive a certeza da aposentadoria – e o respeito profissional e humano de uma classe que foi surrada e tratada como marginal pela polícia, diante dos olhos de alunos e pais, em rede nacional?

O cantor uruguaio, o “tupamaro” Daniel Viglietti, escreveu nos anos 1960: “Nada nos resta, e há só uma coisa a perder. Perder a paciência. E só encontrar-la no front, companheiro”.

Não há outro caminho, outra alternativa, senão prolongar o desgaste do governo Beto Richa. Um governo que trata com desprezo seus trabalhadores, e cria armadilhas para os evolver. Prova disso é a atitude dúbia tomada desde o inicio dos conflitos: pela frente, o governo diz compreender a situação dos servidores, e se mostra disposto a negociar. Até estabelece uma data: 19/05. Enquanto isso, trabalha célere e duro nos bastidores para tentar deslegitimar e esvaziar a representatividade da APP-Sindicato. Em outras palavras, a ideia do governo é convencer a sociedade que o governo é compreensivo e tenta negociar; e que o radicalismo vem da APP, que não quer acabar com a greve.

O mesmo governo que marca reuniões atrás de reuniões, que resultam infrutíferas, é quem joga bombas nos grevistas, enquanto entra na justiça, na surdina, para tentar encerrar à força o movimento reivindicatório.

Se nos bastidores o governo trabalha de forma dissimulada, nas ruas, não. As bombas que caíram sobre as cabeças dos grevistas no dia 29 de abril são bastante claras. O governo reprime sem sequer negociar. A guerra está declarada.

A dúvida que persiste agora é: os professores paranaenses, TODOS (celetistas/temporários, recém nomeados, QPMs antigos) irão defender seu sindicato, seus direitos (de hoje, e os do futuro) e a educação pública? Ou vão se acovardar e fingir acreditar nessa cantilena governista, nessa conversa segundo a qual a culpa da greve (e a falta de vontade de resolvê-la) é da APP, e não de Beto Hitler?

E aí, professor paranaense, o que você me diz?

*****

ENQUANTO ISSO, NA TV…

Muita gente estranhou quando a RPC (afiliada paranaense da Rede Globo) decidiu ajudar a bater no governo Beto Richa, a favor do movimento paredista (grevista).

Aliados são sempre positivos, mas não se enganem não: não há qualquer bondade ou senso de justiça dessa emissora historicamente aliada ao poder, independente dele estar nas mãos de governos tiranos ou ditatoriais.

Mas a história dessa “treta” entre a RPC e o governo Beto Richa começa um pouco antes.

Nas duas ultimas eleições, Ratinho Jr. (PSC), com amplo apoio do Ratão pai e do aparato televisivo da família (Rede Massa/SBT), consolidou seu papel de cacique político regional, ao fazer votações expressivas, carregando consigo uma enorme bancada, muitos votos e um desejado palanque.

De pires na mão, Betinho Play foi ao Ratinho Play pedir apoio. Ratinho Jr. logo cantou a bola: apoio eleitoral significa poder. E poder é dinheiro no bolso.

Dinheiro no bolso da emissora do papai, é claro!

Esfregando as mãos, Beto Richa passou a destinar polpudas verbas de propaganda para a emissora dos roedores. E a RPC sentiu o duro golpe.

Dolorida pela rasteira que levou, a RPC decidiu então bater um pouco no rapaz. Pelo menos, até ele voltar a liberar a preciosa grana que ajuda a movimentar as engrenagens do 4° poder.

E assim, segue o jogo de “faz-de-conta”, enquanto os clamores pela regulação e democratização da mídia dormem em alguma gaveta no Congresso Nacional.

Por fim, não deixa de ser irônico pensar que Beto Richa vem gastando algumas centenas de milhões de reais, para convencer a sociedade paranaense sobre seu projeto de arrocho dos servidores e do surrupio de seu fundo de aposentadoria. Ou seja, para economizar alguns milhões ao Estado, o governo gasta centenas de outros milhões em peças propagandísticas e patrocínio. O mais beneficiado pelos recursos públicos vindos das mãos de Beto Richa, foi a Rede Massa, do Ratinho JR e de seu pai, o Ratão.

 Por que será, né????

 

1 Comentário

1 Comentário

  1. Bruna

    14 de maio de 2015 às 21:21

    O grande problema é que agora o movimento começa a se desgastar e a sociedade (que até agora se mostrou do nosso lado) parece que se esqueceu de tudo o que aconteceu no dia 29 de abril. Hoje mesmo, um grupo de pais daqui de Campo Mourão já foi procurar o Ministério Público, porque não aguentam mais a greve.

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