Creio ser importante escrever um “metatexto” a respeito de minha prática escritural aqui no Blog do Raoni. Deste modo, refletirei, junto aos meus leitores, sobre o caráter de meus textos aqui publicados, suas limitações e suas pretensões e, por outro lado, adiantar-me-ei com relação aos meus objetores (ao menos parcialmente, para que não cometa-se injustiça contra mim) e salvaguardarei a inteligência de meus leitores, que, ainda que sejam, em conjunto, um pequeno número, são muito importantes para mim.
Direi aqui que estes meus textos têm um caráter dialético – explico: a dialética da qual falo é algo semelhante àquela desenvolvida por Sócrates e Platão. O que quero dizer é que meus textos pretendem ser provocações dialéticas, ou seja, provocações de cunho teórico que pretendem levar ao desenvolvimento de discussões sobre temas diversos – discussões estas que podem chegar a conclusões e podem também não chegar, sem perderem por isto o seu valor. Enquanto textos de caráter dialético, eles estão sujeitos ao erro e também a diversas imperfeições; são textos que dirigem-se de um interlocutor (eu, que os escrevo) a outros possíveis interlocutores (aqueles que leiam meus textos e pensem algo a partir do que é posto por ele). A partir daí, as possibilidades são inumeráveis. O mais importante é eles que sejam debatidos.
O caráter negativo do valor do debate, quando o debate não leva a conclusões, a respostas, está no próprio exercício do debate, mas também na aquisição de uma espécie de conhecimento que pode ser chamada de negativa: talvez a gente não chegue a poder dizer quais são as respostas para nossas perguntas, mas, por outro lado, podemos chegar a saber quais não são as respostas – este pode ser considerado um ganho muito significativo. Este caráter, creio, é um aspecto do próprio debate filosófico por excelência. Por isto, aliás, é que, muitas vezes, a filosofia permanece incompreendida por muitos.
Eu, como professor de filosofia, trago em meus textos a influência de meus estudos acadêmicos e diletantes – espero que vocês tragam também, para o debate que eles pretendem provocar, as suas influências. Todavia, se não é possível deixar as influências de lado ao discutir problemas, é, de todo modo, importante não apegar-se a elas de maneira obstinada e perder de vista o bom senso e também certo anseio pela verdade. Não é possível debater qualquer problema com os fanáticos.
Por fim, como têm um caráter dialético, as opiniões expressas nestes textos podem mudar. Eu, que sei muito pouco, ponho-me aqui diante de vocês em uma situação de risco – um risco que vale, para mim, a pena correr: o risco de dizer uma besteira. No entanto, não sou como aqueles que utilizam, por exemplo, as redes sociais, para dizerem quaisquer e todas as besteiras possíveis, sem nenhum cuidado: eu, quando disser besteiras, as direi apesar de todo o cuidado que é possível ter escrevendo semanalmente – muitas vezes sobre temas que não domino, sem tempo suficiente para debruçar-me demoradamente sobre eles. Faz parte. É preciso que tenham consciência disto.
Kamyla Paola
24 de março de 2015 às 16:03
Legal!
Bom saber de suas publicações. Vou procurar acompanhar, e aprender mais ;)
Boas inspirações para as postagens! :)
Wesley Ribeiro
28 de abril de 2015 às 19:04
Muito obrigado, Kamyla!