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Coluna do Wesley Ribeiro: Sobre como a redução da jornada de trabalho está (ou, pelo menos, deveria estar) em total conformidade com o espírito do liberalismo

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Por Wesley Ribeiro

Verdadeiros liberais existem poucos por aí. Há muitos que dizem-se liberais, mas não conhecem a doutrina que professam. Há muitos, ainda, oportunistas: os grandes empresários, de um modo geral, sempre que isto vai ao encontro de seus interesses, defendem o liberalismo mais radical, mas, quando necessitam de ajuda para não deixarem seus lucros caírem, abandonam imediatamente seus princípios liberais e passam a ver o Estado como a “mãe provedora”. Pretendo, considerando este oportunismo político dos grandes empresários, convencer vocês a respeito de como a redução da jornada de trabalho está (ou, pelo menos, deveria estar) em total conformidade com o espírito do liberalismo.

Se aceitarmos que o verdadeiro espírito do liberalismo encontra-se na defesa da liberdade individual e que, ser obrigado a qualquer coisa ofende esta “inviolabilidade do indivíduo”; e, se aceitarmos também que, em nosso mundo atual, a maior parte das pessoas são obrigadas a trabalharem, no mínimo, oito horas por dia, deveremos concluir que nossa liberdade individual está sendo violada. Isto porque não há escolha a fazer-se, para a grande maior parte dos homens, pelo menos. Como a jornada mínima, na maior parte das empresas, para a maior parte das funções, é de oito horas, os trabalhadores não podem, por exemplo, escolher trabalharem menos para fazerem outras coisas quaisquer com seu tempo. Se não podem escolher trabalhar menos, não são completamente livres.

Neste caso, é preciso aceitar-se que os trabalhadores são obrigados, em sua grande maioria, a trabalharem, no mínimo, oito horas diárias: caso não façam isto, estarão optando pelo desemprego, pela fome e pela miséria. Outro ponto relevante aqui é o salário: para serem livres para escolherem trabalhar menos que oito horas diárias, os trabalhadores precisariam ganhar salários melhores para uma jornada diária menor. Neste ponto, muitos liberais, se não pudessem encontrar outra saída, deixariam, sem qualquer constrangimento, de autointitularem-se liberais. Digam-me: que liberdade tem um homem que trabalha mais de quarenta horas semanais? O tempo que ele tem fora do trabalho serve-lhe, no máximo, para o descanso, porque, geralmente, os trabalhadores não podem nem mesmo descansar completamente. Devido ao fato de serem mal-remunerados, trabalham mais para terem o mínimo, para meramente sobreviverem, muitas vezes, e isto os leva a jornadas diárias exaustivas. Ou seja, para os trabalhadores, não há outra perspectiva: deve-se dedicar-se toda a vida ao trabalho, caso contrário, obter-se-á a miséria como castigo. Não há espaço para a liberdade individual aqui.

Evidentemente, isto tudo que foi dito até aqui contraria o espírito do capitalismo e, se os grandes empresários com facilidade abandonam o seu liberalismo sempre que é oportuno – assim como o defendem sempre que é oportuno – eles jamais abandonariam o espírito do capitalismo. Entretanto, devemos perguntar: a liberdade das empresas é o mesmo que a liberdade dos indivíduos? O liberalismo deveria defender, em primeiro lugar, a liberdade das empresas ou a dos indivíduos? O que quero dizer, por outro lado, é: limitar as empresas (o conjunto delas, o mercado), no sentido de não permitir que elas obriguem os trabalhadores a não levarem suas vidas a não ser trabalhando e trabalhando muito, exaustivamente, não seria preservar a liberdade dos indivíduos?

 

 

 

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