O mau tempo contribuiu para a queda de um avião que matou quatro pessoas de uma mesma família, em Mato Rico, em dezembro de 2020. As informações estão em um relatório elaborado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira.
A aeronave viajava de Goioerê, para Guaratuba, no litoral. Após a queda, o avião foi encontrado dentro de um rio, na área rural de Mato Rico.
O acidente matou o empresário Valdecy Cruzeiro, que pilotava o avião, além da esposa dele, Luciana Brito Cruzeiro. As filhas do casal, Beatriz Brito Cruzeiro, de 23 anos, e Júlia Brito Cruzeiro, de 18 anos, também morreram no acidente.
De acordo com o relatório do Cenipa, quando o avião decolou, por volta das 6h30 do dia 29 de dezembro de 2020, a região do Aeródromo de Goioerê apresentava tempo bom.
No entanto, o trajeto por onde o avião deveria passar apresentava instabilidades, com chuva na região onde a aeronave caiu.
Segundo o documento, o piloto fez contato com a torre de controle por volta das 7h, cerca de 20 minutos antes da queda. As gravações recuperadas pela investigação não indicaram “qualquer anormalidade técnica” ou dificuldade por parte do piloto.
O relatório aponta que, quando a aeronave ingressou em uma área de mau tempo, o piloto possivelmente enfrentou “desorientação espacial devido à perda de referências visuais” do trajeto. Após isso, a hipótese da Aeronáutica é de que o piloto tenha perdido o controle da aeronave.
As “prováveis ações bruscas nos comandos de voo” para recuperar o controle podem ter provocado uma sobrecarga na estrutura do avião, o que causou a ruptura da aeronave ainda em voo. Segundo o relatório, a asa direita do avião se desprendeu, por exemplo.
O relatório indica ainda que a aeronave e o piloto estavam com a documentação em dia. O avião também estava dentro dos limites de peso.
Motivação
Para o Cenipa, a ação mais segura que poderia ter sido adotada seria a interrupção da viagem, com retorno ao Aeródromo de Goioerê.
No entanto, ainda de acordo com o relatório, relatos de familiares indicavam que “havia uma considerável pressão autoimposta” para que a viagem fosse feita naquele dia, por causa de uma festa de fim de ano.
“O momento histórico de isolamento social decorrente da pandemia da COVID-19, somado à oportunidade de poder comemorar o réveillon junto à família e amigos no litoral paranaense podem ter elevado a motivação para a realização da viagem naquele dia, a ponto de prejudicar uma avaliação mais criteriosa em relação às condições meteorológicas na rota”, cita o documento.
O acidente
O avião, que era um Cessna 177, deveria pousar no litoral por volta das 9h. A família tinha planejado passar a virada de ano em Guaratuba.
Segundo o Cenipa, uma testemunha disse ter avistado o avião em baixa altitude. Momentos depois, um estrondo foi ouvido na região.
O avião foi encontrado destruído dentro do Rio Macaco, na comunidade rural Bela Vista. A região fica entre as cidades de Mato Rico e Roncador.
Destroços do avião ficaram espalhados pela região onde a queda aconteceu. De acordo com o relatório, com exceção do piloto, os passageiros foram arremessados da aeronave.
Os corpos das vítimas foram sepultados no dia 31 de dezembro de 2020, em Goioerê.
Com reprodução G1 Paraná