O Paraná vive o pior momento da pandemia e há 20 dias, a fila por UTI para covid-19 se mantém com mais de 400 pacientes. No domingo (6) haviam 637 pessoas, somada a demanda por leitos clínicos/enfermaria, 1.141 pacientes aguardam internação. Segundo o governo estadual, 22% dos pacientes na fila só conseguem UTI após mais de 24h de espera. E na Unidade de Terapia Intensiva, 58% dos internados não resistem à doença e vêm a óbito.
O Estado registra ocupação de 95% dos leitos de UTI’s. ‘Para absorver o excesso de demanda de internação, hospitais devem estar operando com, no máximo, 75% de sua capacidade por, no mínimo, 7 dias, e apresentar queda contínua de internações por, no mínimo, 14 dias, o que, infelizmente, não é a realidade do Paraná’.
Estas são algumas das informações contidas no documento assinado pelo governador Ratinho Júnior (PSD) em resposta a ação apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que visa impedir lockdown e toque de recolher em todos os estados brasileiros, mirando medidas decretadas pelos governadores de três estados: Paraná, Pernambuco, e Rio Grande do Norte.
Os dados do Centro Estadual de Epidemiologia anexados ao documento apontam que a incidência de novos casos de covid-19 por semana no Paraná — 198 diagnósticos a cada 100 mil habitantes — equivale ao dobro do patamar que Centers for Disease Control (CDE) já classifica como ‘altíssimo’ — a partir de 100 casos a cada 100 mil pessoas.
No documento o governo estadual também afirma que o surgimento de novas variantes indicam risco de maior transmissibilidade e possível colapso do sistema de saúde causado por exaustão de equipes e falta de insumos.
Os resultados de 45% dos testes de covid-19 apontaram positivo para a doença, na semana entre 23 e 29 de maio. Conforme a OMS, uma taxa de positividade superior a 5% já revela que a transmissão do vírus está fora de controle.
Cidades paranaenses relatam muitos pacientes chegando em unidades de saúde, vários deles com necessidade de UTI sendo encaminhados de emergências menores para os hospitais regionais.
Na manifestação ao Supremo, Ratinho defendeu as medidas restritivas e afirmou que elas contribuem para evitar o colapso do sistema de saúde estadual. “Para evitar esse cenário, que atinge a sociedade como um todo, é que se fazem sacrifícios pontuais e provisórios, os quais são mitigados por políticas sociais, tanto em âmbito federal, como em âmbitos estaduais e municipais, relativas à geração de emprego e renda e de fomento à atividade de micro e pequenas empresas”, afirmou.
No entanto, curiosamente, o governo do Paraná reconhece que sua principal medida restritiva de circulação o ‘toque de recolher’, das 20 horas da noite às 5 tem aplicabilidade em horários em que a maior parte dos estabelecimentos já estão fechados, ou seja, a população já estaria recolhida em suas residências. “não se vislumbrando justificativa plausível para que, em tempos de pandemia, as pessoas não possam permanecer no conforto de suas casas”.
O boletim deste domingo (6), divulgado pela prefeitura de Campo Mourão aponta que a cidade chegou a 10.226 casos confirmados do novo coronavírus. Com mais 8 mortes confirmadas, o número de vítimas fatais pela doença é de 239. Ao todo, a região da Comcam registra 33.058 casos confirmados e 736 óbitos por covid-19. E há 23 dias consecutivos as taxas de ocupação de UTI e enfermaria dos hospitais de Campo Mourão estão acima de 100%.
Para ler a íntegra dos quatro documentos protocolados na última sexta-feira (4) pelo Governo do Paraná em resposta ao ministro Roberto Barroso, relator da ação movida, pelo presidente Jair Bolsonaro, basta acessar o portal do STF. Clique AQUI. Petição 58025/2021, dentro da ADI 6855.