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Coluna da Paula Fernandes: Chega de Assédio

 

Coluna da Paula FernandesNa madrugada de ontem, uma jornalista da cidade saiu à pé em busca de uma farmácia aberta e passou por uma situação desagradável. Um homem passou de carro e mexeu com ela, oferecendo carona e a chamando de ‘gostosa’. Indignada, ela perguntou se seria necessário que chamasse a polícia para ele parar e ele saiu cantando pneu e a chamando de vagabunda.

Muitos, quando veem uma situação dessa, tendem a acusar: ‘mas o que você estava vestindo?’, ‘a que horas era isso?’, ‘você estava sozinha à noite?’. Infelizmente, essa é a mentalidade perpetuada na nossa sociedade: o que a mulher poderia ter feito ou deixado de fazer para evitar passar por uma situação dessas. Contudo, precisamos mudar esse pensamento e entender que a responsabilidade é do homem que tem uma atitude dessas – ou piores, às vezes. Nessa situação, como em tantas outras, a mulher é a vítima e tende a ser culpabilizada.

Pensemos no seguinte: um homem pode andar a qualquer horário, com qualquer roupa, sozinho? Então por que a mulher não? Não temos o mesmo direito de ir e vir, garantido pela nossa Cosntituição? Está na hora de pararmos de ensinar às mulheres o que elas devem ou não evitar, mas sim aos homens até onde está o direito deles. Não, mexer com uma mulher na rua não é direito de ninguém.

Mais, falar da roupa ou do horário são argumentos para lá de desmentidos. Um vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=mpB9t0sfRKM) lançado na Índia mostra que as mulheres são assediadas independente do que vestem. Aqui no Brasil, uma repórter de Teresina (PI) fez um experimento gravado em vídeo, andou por duas horas pelas ruas da cidade. No trajeto, recebeu pelo menos 15 cantadas. À luz do dia (você pode conferir o resultado aqui: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/08/jornalista-brasileira-registra-o-horror-de-uma-caminhada-de-duas-horas.html).

Sobre estar sozinha, mulheres que andam na companhia de mulheres e homens também passam por esse tipo de violência. Quando o homem é o namorado, com frequência o agressor pede desculpas a ele, o que perpetua outro esteriótipo: o de que a mulher é pertencente ao homem. E isso precisa mudar. É como o quadrinho que ilustra esse texto mostra: homens não aceitam serem assediados por outros homens, porque fazem com as mulheres?

Paula FernandesPaula Fernandes é jornalista por formação, fotógrafa por paixão e aspirante a atriz. Trabalha com gerenciamento de mídias sociais e gosta de discutir sobre feminismo, inclusão social e política. Gosta mais ainda quando consegue mostrar que o preconceito está ali, onde nem todo mundo consegue ver. E quando percebem que ele pode ser mandado embora com militância, conscientização e empoderamento. Escreve às quartas-feiras.

 

1 Comentário

1 Comentário

  1. Jussara

    26 de agosto de 2015 às 15:12

    É exatamente assim, Paula! Mesmo que a roupa não mostre o corpo, basta ser mulher e estar sozinha na rua para perceber olhares invasivos e ouvir comentários grosseiros ou “engraçadinhos”, que só demonstram falta de respeito e uma visão muito estreita do valor de uma mulher. Parabéns pelo texto!

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