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Coluna da Paula Fernandes: Vai ter discussão de gênero SIM.

Paula Fernandes texto

Participei, na última semana, da 3ª Conferência da Juventude em Campo Mourão. O objetivo da conferência municipal é traçar propostas para serem apresentadas e votadas na conferência estadual e, posteriormente, na nacional, que ajudem a melhorar a vida dos jovens da nossa cidade, estado e País. Fui convidada pela organização a ser uma das facilitadoras dos eixos de debate, mais especificamente do eixo Diversidade e Igualdade, assuntos que geram polêmica, opiniões controversas e – infelizmente – muita falta de informação.

A discussão sobre diversidade se deve para que seja cumprido o que determina o Estatuto da Juventude, capítulo II (Dos direitos dos jovens), na seção IV. Essa seção é composta por dois artigos que asseguram, aos jovens, o direito à diversidade e à igualdade, sem que sejam discriminado por ETNIA, RAÇA, COR DA PELE, CULTURA, ORIGEM, IDADE, SEXO, ORIENTAÇÃO SEXUAL, IDIOMA, RELIGIÃO, OPINIÃO, DEFICIÊNCIA, CONDIÇÃO SOCIAL e ECONÔMICA. Apesar de ser bem específico, a realidade não é bem essa.

Claro, cada um desses pontos é importante e cada um pode gerar longas e acaloradas discussões. Contudo, na conferência da última semana, as manifestações foram quase que unanimamente sobre as questões de gênero e orientação sexual. A parte boa é perceber que há, aqui na cidade, muita gente que entende e defende essas discussões. A parte ruim… bom, ela é bem grande.

É ruim que ainda haja lideranças religiosas que queiram interferir no Estado (se a minha igreja não aceita, a minha cidade/estado/País não deve aceitar) e que participem de um debate como esses para descontruir o que já é construído a duras penas. As participações religiosas no debate fizeram exatamente isso: deram a sua opinião, embasada em supostas vivências (é preciso lembrar que quando se trata de políticas públicas, os números são muito mais importantes que as experiências – porque o nosso mundinho não é necessariamente um retrato da realidade, mas sim do nosso convívio), e usaram as mesmices de sempre para invalidar o discurso de quem está na luta diariamente, seja por fazer parte dos números ou simplesmente por entender que TODOS têm DIREITO a SER COMO SÃO.

Falou-se, para variar, que é preciso respeitar as pessoas por serem pessoas e que pedir por políticas de inclusão para mulheres e pessoas LGBT é ‘dar privilégios’. Esse argumento pífio e infundado mostra que a discussão de gênero é realmente necessária. Em outros momentos, pediram a palavra para lembrar que diversidade também se trata do racismo, mas não acrescentaram nada ao debate, o que fez parecer ter apenas a intenção de tirar o foco de um assunto que já conseguiram tirar da Meta 12 em junho deste ano, em votação na Câmara Municipal (mais aqui: http://www.correiodocidadao.com.br/campo-mourao/camara-aprova-plano-de-educacao-com-nova-meta-12/).

Apesar da intenção dos vereadores e das igrejas de acabar com a discussão de gênero em Campo Mourão, alguns grupos têm se formado para buscar alternativas de estudar mais o assunto e exigir que não seja tomado um espaço que é nosso. Nosso, sim, porque se você é mulher e concorda que temos os mesmos direitos que os homens, bom, você já está discutindo gênero (é claro que é sempre preciso aprofundar mais, leia!!!). E se você é homem, espero que também acredite que temos os mesmos direitos. Assim como os LGBT. Porque direito é algo que temos por sermos cidadãos, de acordo com a nossa Constituição. Lembrando, sempre, que o Estado é laico e que a sua fé não é maior que a minha, nem daquilo que é nosso por direito.

Então, vereadores que não representam a família mourãoense (pelo menos, não em sua totalidade), líderes religiosos e quem mais for contra, saibam: vai ter discussão de gênero SIM. E isso, meus queridos, vocês vão ter de aceitar.

Paula FernandesPaula Fernandes é jornalista por formação, fotógrafa por paixão e aspirante a atriz. Trabalha com gerenciamento de mídias sociais e gosta de discutir sobre feminismo, inclusão social e política. Gosta mais ainda quando consegue mostrar que o preconceito está ali, onde nem todo mundo consegue ver. E quando percebem que ele pode ser mandado embora com militância, conscientização e empoderamento. Escreve às quartas-feiras.

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