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Coluna da Paula Fernandes

Coluna da Paula Fernandes: Valentina, Enem e umas coisinhas mais

É tanto que aconteceu nessa semana que quase não cabe em um só texto. A começar pelo caso com a menina Valentina Schulz, de 12 anos e uma das participantes do reality show MasterChef Júnior, transmitido pela Rede Bandeirantes. É normal que, quando comece um reality show, o público comece a supor quem é bom, quem é ruim e outros julgamentos dos participantes. Contudo, ninguém esperava uma reação pedófila em um reality show de crianças cozinhando. Mas foi o que aconteceu.

7Esses discursos mostram que a objetificação da mulher começa desde muito nova. Seja com o caso da Valentina, seja com o último comentário, lembrando da Mc Melody, ainda mais nova, com 8 anos. Crianças não devem ser erotizadas. Aliás, ninguém deve ser erotizado, a não ser que queira. A JoutJout Prazer explicou bem nesse vídeo, vale assistir: https://www.youtube.com/watch?v=0Maw7ibFhls.

Os comentários, é claro, geraram revolta de muitas pessoas, entre elas, feministas. E é claro que, como de costume, há quem acredite que a revolta era por inveja ou ciúmes da posição em que a Valentina se encontrava, ao ser ‘admirada’ nas redes sociais (sério, alguém consegue mesmo achar que qualquer pessoa gostaria de passar por isso?). Até mesmo criaram uma página para ela, explicando o motivo pelo qual acreditam que se deva a ‘ira das barangas’ (como eles mesmos definem): porque todos os homens sonham em se casar com uma MULHER (sim, eles acreditam que uma menina de 12 anos já é uma mulher) desse tipo – virgem, magra, pura, servindo e cuidando da casa e cozinhando. Claro, uma mulher-empregada, uma mulher que nasceu para servir ao homem.

6Sinto muito, mas não somos obrigadas a sermos empregadas dos nossos companheiros. Chocadas com a repercussão desse caso de pedofília, alguns coletivos feministas iniciaram uma campanha, a #PrimeiroAssedio. A ideia é mostrar que boa parte das mulheres começam desde cedo a sofrer assédios e o caso de Valentina não é único, infelizmente.

4É triste, mas você pode fazer um teste: pergunte a cinco mulheres com quem você convive quando foi a primeira vez que foram assediadas. A maior parte delas vai ter passado por algum tipo de assédio já na infância. Pior, a maior parte delas nunca falou sobre isso com ninguém, porque aprendemos, na nossa sociedade, que devemos esconder isso, porque ‘demos motivo’ (oi?!). Que motivo uma criança pode dar para um adulto assediá-la? Por que a culpa seria da criança e não do adulto? É, gente, fica difícil assim.

Mas é claro que os machistinhas de plantão não poderiam ver postagens de mulheres com coragem de falar sobre a primeira vez que foram assediadas e logo começaram a responder, de maneira ainda mais machista, hostil e nojenta.

3Aí, mais uma vez, voltamos à culpabilização da vítima. Quer dizer que a maneira como andamos é a responsável pelo assédio que sofremos? Não é! A culpa é do assediador, sempre. É só analisar o caso de Valentina, mesmo. A garota se comporta como uma garota e isso jamais é motivo para ser assediada. Mas foi.

O mais triste é ver pessoas que têm mais repercussão, que poderiam usar a influência que têm para disseminar boas ideias, também ridicularizando as mulheres e suas experiências, muitas vezes traumáticas. Foi o que fez – mais uma vez! – o vocalista da banda Ultraje a Rigor, Roger Moreira:

5É uma pena que ainda existam homens que pensem assim. E que se esquecem de que respeito é pra todos, independente se concordemos ou não com a pessoa.

Aí, nesse final de semana, foi realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). E, tanto no sábado quanto no domingo, vimos um espaço para a discussão de assuntos feministas. Isso é muito importante, porque, mesmo sem concordar, faz com que os alunos pelo menos pensem no tema.

1E os coletivos feministas comemoraram – muito! – essas escolhas. E é claro que incomodou algumas pessoas, que acreditam ainda que o feminismo não é imporante (por favor, volte ao começo do texto sobre o caso de uma MENINA que é assediada, sem pedir isso – e mesmo que pedisse, é uma criança, e não deveria ser assediada).

E tiveram casos inclusive de ameaças, como o desse estudante de medicina, que, particularmente, acredito que deve ser evitado por mulheres como um todo:

2É, mais do que nunca, precisamos explicar para os nossos homens e meninos que as mulheres devem ser respeitadas sempre e que não é não. Pronto. Sem discussão, simples assim. Aí, quem sabe um dia, não seja necessário que passemos por situações como as de Valentina ou ainda piores que muitas mulheres passam hoje.

1 Comentário

1 Comentário

  1. Élida Versari

    29 de outubro de 2015 às 22:13

    Isso é mais q machismo…é patologia! Essas pessoas só poderiam conviver com gente sã, depois de uma castração química e acompanhamento psiquiátrico constante!

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