O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira (10) o primeiro caso de reinfecção por covid-19 no Brasil. Segundo a pasta, o diagnóstico ocorreu em uma profissional da área de saúde, de 37 anos, residente em Natal. Ela teve a doença em junho, se curou e teve o resultado positivo novamente diagnosticado em outubro, 116 dias após o primeiro diagnóstico.
Em nota, o Ministério disse que recebeu, no último dia 9, um relatório do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo da Fiocruz/RJ, referência nacional para a covid-19 no Brasil, com os resultados laboratoriais de duas amostras clínicas de, até então, um caso suspeito de reinfecção da doença pelo coronavírus.
Após análise das duas amostras enviadas ao laboratório houve a confirmação dos resultados via metodologia de RT-PCR em tempo real.
“As análises realizadas permitem confirmar a reinfecção pelo vírus SARS-CoV-2, após sequenciamento do genoma completo viral que identificou duas linhagens distintas”, disse o MS por meio de nota.
O ministério disse ainda que o resultado reforça a necessidade da adoção do uso contínuo de máscaras, higienização constante das mãos e o uso de álcool em gel.
Reinfecção é considerada rara
A reinfecção pode acontecer e há alguns casos confirmados no mundo. A boa notícia é que, pelo que foi observado até o momento, essa possibilidade é raríssima.
Vamos aos números: de acordo com a agência de notícias holandesa BNO News, um dos únicos veículos a compilar dados globais sobre esse assunto, há atualmente 26 casos confirmados de reinfecção no planeta.
Desses, 25 pacientes se recuperaram bem e apenas um morreu. A média de tempo entre o primeiro e o segundo episódio de covid-19 é de 76 dias.
O site ainda calcula que existam outros 893 casos suspeitos de reinfecção, que ainda precisam ser analisados mais de perto.
No Brasil, o Ministério da Saúde afirmou oficial somente o caso divulgado nesta quinta-feira (10). Mas há um estudo publicado em setembro que detectou a que existem cerca de 95 pacientes com uma situação parecida que seguem em investigação por aqui.
Mas como explicar esses casos confirmados (ou os relatos) de reinfecção?
“Aparentemente, a reinfecção é mais provável naquelas situações em que o primeiro episódio de covid-19 foi brando”, contextualiza o infectologista Fernando Bellissimo Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Tudo leva a crer que uma doença leve e com poucos sintomas gera uma resposta imunológica mais fraquinha. “Parece que a produção de anticorpos é menor, e isso deixaria a pessoa predisposta a uma nova enfermidade após algum tempo”, completa Rodrigues.
Há outra possibilidade que precisa ser analisada por aqui: em vez de uma reinfecção, será que não se trata apenas de uma continuação do primeiro quadro, que melhorou por algum tempo e depois teve uma recaída.
Para descartar essa hipótese, os especialistas recorrem ao sequenciamento genético do Sars-CoV-2. O ideal seria ter uma amostra do primeiro e do segundo diagnóstico para comparar as letrinhas do RNA viral.
Se elas forem absolutamente idênticas, é grande a chance de que seja realmente uma recaída. Agora, caso o genoma seja diferente, aí fica mais fácil apostar na reinfecção mesmo.
“Esse estudo é como se estivéssemos reconstituindo um crime sem testemunhas. Nós coletamos provas que podem favorecer uma linha de investigação ou outra”, compara Rodrigues, que foi responsável por detectar o primeiro caso de reinfecção no Brasil e analisa outros 15 pacientes suspeitos.
Com Agência Brasil e UolSaúde
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